quarta-feira, 29 de abril de 2009

Em 1982 nasci, num mês frio que se tem mantido até hoje em contagem decrescente.

 

Mas, se pelo menos me tivessem oferecido aquela bicicleta vermelha tudo teria sido diferente.

De todas as velas que soprei nunca me lembrarei do sopro forte do vento ao pedalar pelos altos e baixos da vida sem aquele medo de me desequilibrar e cair.

Há quem voe até a Holanda para ver tulipas ou vá até à Dinamarca e recorde a sereiazinha, eu, lembro-me das bicicletas que se faziam respeitar e até tinham parques de estacionamento só para elas...

No Brasil pedala-se descalço. Em Nova Iorque não vi bicicletas amarelas, o que foi uma pena porque os táxis são menos arejados e em Londres preferem o labiríntico metro rendendo-se ao facto de ainda não existirem bicicletas com GPS incorporado.

Mas, de todos os lugares, eu só queria ter andado no meu bairro, com aquela bicicleta que me roubaram antes de ter conhecido.

 

Hoje, aperto o cinto com força e no meu lugar apertado recordo todas as vezes em que bateram palmas à minha existência e me senti perdida sem bilhete de destino.

Nesta data querida, recordo os que sempre lá estiveram, os que vieram de passagem e os que permaneceram ao meu lado e deixo que o vento decida a minha próxima viagem.

Inverto o sentido, sem lutar contra os degraus e sozinho cravo com força a vela por mais um desejo que já esqueci.

 

Para o ano trarei confetis!

2 comentários:

  1. Muito bonito este texto; conduz-nos para uma viagem no tempo e nas experiências tão diferentes e tão semelhantes mas sempre muito próprias de cada indivíduo.

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  2. Já dizia a outra menina dos sapatos vermelhos: "There's no place like home!"

    Sabe bem viver ao sabor do vento, delegando o desenho do nosso caminho à sua imprevisibilidade. Mas, por vezes, também gosto de cravar os pés na areia da praia e sentir os ventos fortes agitarem a espuma do mar à minha volta numa dança ciclónica...

    Espero que recuperes a tua bicicleta vermelha, onde quer que seja ;)

    beijos, rui

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