sexta-feira, 8 de maio de 2009

Esta é a história de um humano,
Que achando desumano a vida que levava
Fechou à chave a porta da liberdade!
 
Não há melhor situação
Do que viver na prisão,
Não ter nada que fazer
Senão estar preso e viver!
 
Não ter que comparecer
Comer, dormir e cantar...
Para não me aborrecer
E não ter o que pensar.
 
Mas, neste tão mal estar
Não me conseguem domesticar!
E vivo na selva de verdade,
Ainda que em suposta liberdade.
 
Às vezes renunciei a vontades
E transgredi em todas as idades.
 
Qual deles o pior?
Alguém tem opinião?
Ou a questão não tem solução?

Se eu me conseguisse esconder...

Precisaria de uma capa ou de simplesmente me sentir escondida. Seria só uma sombra numa árvore com um bloco de notas ou um super-herói. Não dos que vivem em casa brancas mas desses que moram num bairro aqui ao pé, onde há o amarelo, o azul e até o rosa por entre o barulho ruidoso das flores que se pede para vender.

Esses super-heróis são iguais a todos nós. Só que alguns usam fatos elegantes e carros mais pomposos. Andam pela rua e escondem-se atrás das janelas. Velhos e novos que passeiam o cão, falam ao telemóvel, escolhem a campainha errada ou fumam um cigarro ou dois... com o nervosinho frio de quem quer voltar para dentro. Para dentro da casa sem entusiasmo, de quem passa o dia a carregá-la às costas ou a tiracolo de um Mac ou de um Pc, preso às contas para pagar e com a indiferença necessária às notícias cansadas que nos chegam todos os dias.

Se eu me conseguisse esconder...

Como quem fica dentro da cabine telefónica a falar horas com um qualquer estranho de quem gostaria de gostar. Como quem pode auscultar a saúde das árvores enquanto caminha devagar e entre pausas conversa com o amigo de longa data. – Faz bem ao coração! – dizem os entendidos; Logo a seguir às refeições.

- Proteja a sua saúde: há produtos ortopédicos, cosméticos ou até homeopáticos abertos das 9 às 20.

- Proteja o seu lugar de estacionamento da ocupação indevida pelo vizinho deslocado que não tem onde o deixar ficar.

- Proteja as águas por onde navega e as janelas por onde espreita, fixando as mãos ocupadas com a imperial do costume à porta do restaurante demasiado cheio.

À espera... à espera de  um lugar confortável à imagem do que projectamos, sem as sirenes aceleradas por mais uma multa, sem a publicidade debaixo da porta e com a esperança como nome de rua.

Se eu me conseguisse esconder...